Professores de Porto Velho são destaques em rede nacional na Revista Nova escola.


Você já se pegou pensando sobre como acontece a alfabetização em outras redes de ensino, outros estados e outras regiões do Brasil?

Como alfabetizadora, muitas vezes me pergunto se outros professores alfabetizadores Brasil afora enfrentam os mesmos desafios que fazem parte da minha realidade nas redes públicas de ensino em que atuo. Como é a formação em serviço? Quantos alunos há por turma? Quais são as práticas educativas desenvolvidas? Como é o apoio ao trabalho do professor? Quais são as principais dificuldades?

Em um país tão vasto e diverso como o nosso, as respostas para meus questionamentos podem ser variadas. Mas com certeza há pontos em comum no exercício da nossa profissão.

No início de fevereiro, tive a oportunidade de conhecer um pouco da Educação de Porto Velho, capital de Rondônia. Participei da 1ª Jornada Pedagógica de Porto Velho, como palestrante, falando sobre Alfabetização para os professores dos 1º e 2º anos, além da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da rede municipal. Falar com tantos alfabetizadores, além de uma responsabilidade e um desafio, também foi realmente inspirador!

Em minha primeira vez na região Norte do Brasil, fiquei emocionada ao ver de perto o enorme Rio Madeira, um dos principais afluentes do Rio Amazonas e também ao ver a receptividade dos professores.

Também me identifiquei com os alfabetizadores de Porto Velho. Assim como eu, eles têm consciência de que há muito o que fazer para que nossos alunos realmente aprendam, para que a alfabetização seja efetiva e de qualidade. Todos precisamos dar o nosso melhor apra reverter os resultados negativos revelados na última edição da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA).

Logicamente isso não depende apenas do nosso compromisso, afinal uma alfabetização de qualidade se faz também com escolas bem estruturadas, boa formação de professores, valorização profissional, boas práticas educativas, políticas públicas para a Alfabetização, entre tantas outras coisas.

Em Porto Velho, descobri que as salas de aula na alfabetização não são cheias como muitas que conheço. Há um cuidado para que isso não ocorra. Esse ano, tenho duas turmas de alfabetização que, finalmente, não passam de 25 alunos cada. Mas infelizmente essa não é a realidade brasileira.

Nessa Jornada Pedagógica, conheci professoras alfabetizadoras e suas incríveis práticas. A professora Claudenice, por exemplo, produziu um livro autoral com os alunos sobre bullying.  Já Maria José criou suas próprias letras de música para trabalhar temas como dengue e o aprendizado da tabuada em sala de aula. Descobri a professora Neide e seu projeto com foco na alfabetização bilíngue de Libras e Língua Portuguesa, o "Café com Libras", e muitos outros.

Dois questionamentos me chamaram a atenção justamente por serem comuns a muitos professores brasileiros. Dá para alfabetizar até o final do 2º ano, como propõe a BNCC? Qual a melhor metodologia para alfabetizar os alunos? Eu disse a eles que sim, acredito que dê para alfabetizar no 2º ano. Este ano, uma das minhas turmas de 2º ano é composta por alunos que estavam comigo no ano anterior e, confesso, é muito bom vê-los lendo e escrevendo bem já no início do ano letivo.

Quanto à metodologia, penso que a questão principal seja a boa formação do professor. Ao longo da minha carreira, em diversas formações pude aprender várias metodologias que, aliadas à prática em sala de aula, transformaram positivamente meu trabalho na Alfabetização e deram um norte para os melhores caminhos. Sem formação adequada e de qualidade, nenhuma metodologia funciona plenamente.

Um ponto de destaque na região Norte é a parceria da rede de ensino com redes próximas. Conheci a secretária de Educação de Humaitá, no Amazonas, Raimunda Darque de Souza. Junto com sua equipe pedagógica, a secretária estava na Jornada para aprender e compartilhar saberes. Achei interessante sua iniciativa. Acredito que as redes de ensino devem pensar em ações conjuntas pela aprendizagem de seus alunos. A cooperação é uma boa solução para avançarmos na Educação.

No evento, também pude ver mais de perto a realidade das escolas do Norte do país: são distantes da sede administrativa, algumas são flutuantes abrigadas em embarcações e com características particulares, como as escolas em áreas ribeirinhas, indígenas ou de fronteira com outros países.

E você, querido professor, como desenvolve a alfabetização na sua região? Este ano pretendo estabelecer diálogos com professores das cinco diferentes regiões para entender melhor nossas semelhanças e diferenças. O que você gostaria de saber sobre professores dos outros estados? Conte aqui nos comentários!

Um abraço a todos, até semana que vem e um agradecimento especial a todos os professores alfabetizadores de Porto Velho e à equipe da Secretaria de Educação,


Mara Mansani

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