Criar um repertório
para as crianças negras aprenderem a amar suas características, respeitarem a
ancestralidade africana e terem auto estima para enfrentar o racismo em
situações do cotidiano como na escola e no parque é o objetivo por trás do
livro infantojuvenil “Pequeno Príncipe Preto”, de autoria do ator, diretor,
roteirista, filósofo e cientista social Rodrigo França, vencedor de prêmios como
o “Botequim Cultural”, por seu trabalho e militância em valorização da
negritude.
A obra, em pré-venda
na internet, é uma releitura do título “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de
Saint-Exupéry, conhecido mundialmente. Em entrevista ao Alma Preta, Rodrigo
França conta ter reunido em seu processo de escrita os aprendizados sobre amor
e afeto com sua família, em especial sua avó, homenageada na obra.
“Eu escrevi pensando
no que eu sempre ouvi dos meus pais e da minha avó, que foi uma matriarca. Na
história, existe uma árvore milenar e sagrada para o povo africano, a Baobá,
muito parecida com a minha avó. É um livro focado na minha família e no que eu
acredito”, afirma.
Com ilustrações de
Juliana Barbosa, o livro conta a história de um menino que vive em um planeta
minúsculo onde sua única companheira é uma árvore Baobá. O menino viaja por
diferentes planetas, espalhando lições de amor, empatia e a importância de as
pessoas valorizarem quem são e de onde vieram.
“É um repertório de
auto amor para a atual geração e as próximas. A ideia é que o racismo tenha um
impacto muito mínimo na vida das crianças, ao evitar grande sofrimento e baixa
auto-estima”, acrescenta França.
Democratização da
leitura negra
“Pequeno Príncipe
Preto” é a versão literária em formato de contos do espetáculo teatro que
carrega o mesmo nome. Dirigida por Rodrigo França, a peça ficou em cartaz por
aproximadamente dois anos e foi vista por mais de 60 mil espectadores em todo o
país.
Segundo França,
transformar em livro a obra que aqueceu o coração de milhares de pessoas é uma
forma de alcançar pessoas sem acesso ao teatro.
“Por mais que a
gente encha o teatro, não conseguimos furar a bolha e alcançar todo mundo. O
Brasil é grande e eu acredito que conteúdos como esse não podem ficar só no
palco, em uma estrutura burguesa, onde por mais que o ingresso seja barato,
muita gente não consegue acessar”, explica.
Para quebrar as
barreiras sociais, Rodrigo França planeja disponibilizar exemplares
gratuitamente em bibliotecas públicas.
“As pessoas podem
não ter dinheiro para comprar, mas vão poder encontrá-lo em bibliotecas
públicas e essa é minha luta. O livro chega para democratizar o acesso à
narrativa negra”, complementa.
Fonte:
ALMA PRETA.
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