Em
entrevista coletiva realizada hoje (24), o próprio secretário estadual de
Saúde, Jean Carlo Gorinchteyn, admitiu que “muito possivelmente” a volta às
aulas em São Paulo não vai ocorrer em 8 de setembro. “Nós definimos muito bem
que, para que houvesse um início bem flexibilizado e gradual das aulas no dia 8
de setembro, algumas regras deveriam estar muito claras e seguras. Entre elas,
que as 17 regiões de saúde – são 22 no Plano São Paulo – estivessem amarelas,
por 28 dias. Se nós olharmos o mapa de hoje, nós temos áreas ainda em vermelho.
Nós temos outras em laranja e outras, em amarelo. Então, muito possivelmente,
essa expectativa não ocorrerá”, afirmou.
Confira
a fala do secretário de Estado da Saúde, Jean Carlo Gorinchteyn
As
três regiões que estão hoje na fase vermelha são Franca, Ribeirão Preto e
Piracicaba. Se a situação melhorar, elas podem passar para a fase 2-laranja em
7 de agosto. Em contínua melhora, para a fase 3-amarela, no dia 21 do mesmo
mês. A partir daí, os 28 dias sem nenhum retrocesso – ou seja, sem aumento de
novos casos, mortes e internações no estado – seriam atingidos em 18 de
setembro. As aulas estão suspensas desde 24 de março.
Apressado
Apesar
disso, o governo Doria já atropelou algumas vezes as regras do Plano São Paulo
para acelerar o processo de reabertura do comércio. Há duas semanas, a região
de Registro pulou direto da fase 1-vermelha para a faz 3-amarela, sem passar
pela fase laranja. Além disso, o governo tucano já autorizou que comércios e
serviços funcionassem mais horas que o estipulado na fase-2 laranja e que
estabelecimentos que só poderiam abrir na fase 4-verde, pudessem abrir na fase
3-amarela.
A
proposta é que volta às aulas em São Paulo seja feita de uma vez. Por isso, foi
definido que só vai ocorrer quando todo o estado estiver na fase 3-amarela do
Plano São Paulo, em que a ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) deve
estar entre 60% e 70%, o aumento de casos deve ter índice entre 1 e 2 – dado
que indica o aumento dos casos em relação à semana anterior, sendo 1 o
indicador de estabilidade –, e índice de novas mortes e novas internações entre
0,5 e 1. Hoje, o estado tem três regiões na fase 1-vermelha, 11 na fase
2-laranja e oito na fase 3-amarela.
A
volta às aulas será feita em três fases. Na primeira etapa, até 35% dos
estudantes poderão voltar às escolas, com preservação de um 1,5 metro de
distância entre eles, tanto na sala de aula e no transporte escolar como no
refeitório e atividades coletivas. Na segunda etapa, concomitante ao avanço das
regiões para a fase 4-verde, do Plano São Paulo, por 14 dias, voltam até 70%
dos estudantes, com os mesmos protocolos. Se o controle da pandemia se mantiver
na fase 4-verde por mais 14 dias, poderão voltar 100% dos estudantes.
Contra
o retorno
No
entanto, um modelo matemático elaborado pelo pesquisador Eduardo Massad, da
Fundação Getúlio Vargas (FGV), traz uma projeção assustadora: 17 mil crianças
menores de 5 anos correm risco de morte de covid-19 em todo o país em
decorrência da volta às aulas. “As aulas absolutamente não podem voltar em
setembro. Nós temos hoje no Brasil 500 mil crianças portadoras do vírus
zanzando por aí. Se você reabrir agora em agosto, mesmo usando máscara, mesmo
botando distância de 2 metros. No primeiro dia de aula nós vamos ter 1.700 novas
infecções, com 38 óbitos. Isso vai dobrar depois de 10 dias e quadruplicar
depois de 15 dias. Então, abrir as escolas agora é genocídio”, disse Massad.
Os
professores são contra a volta às aulas por considerar que há muito risco para
estudantes, trabalhadores e famílias. “As escolas devem ser as últimas a
retornar às atividades presenciais e, ainda assim, somente quando houver a
drástica redução da pandemia e a garantia de segurança sanitária para
professores, estudantes, funcionários e suas famílias. No contexto atual, sem
perspectivas de um rápido controle da pandemia, deve ser mantida a utilização
das tecnologias de informação e comunicação até dezembro”, defende o Sindicato
dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).
Comunidade
escolar
Os
professores e trabalhadores da educação municipal também são contra a volta às
aulas. Em live para debater o protocolo de saúde de retomada das atividades
escolares, o secretário municipal da Educação, Bruno Caetano, ouviu que “a
volta às aulas é impraticável” e que os protocolos definidos até agora “estão
muito distantes da realidade no ‘chão das escolas’”. Nos comentários da live,
os posicionamentos de trabalhadores e familiares contra a volta às aulas também
foram grande maioria.
Os
profissionais da educação apontam que é preciso garantia de oferta de
equipamentos de proteção individual (EPIs), de testagem para trabalhadores e
famílias, que os protocolos elaborados a partir das unidades e do olhar dos
trabalhadores da educação.
Dados
de monitoramento das redes sociais divulgados ontem (23) mostram que a proposta
de volta às aulas foi criticada por 87% dos usuários do Facebook. Apenas 6% a
defenderam, e os demais foram indiferentes. Entre os principais questionamentos
esteve a correlação entre voltar as aulas enquanto grandes eventos são adiados
ou cancelados, como o réveillon na Avenida Paulista, o carnaval de 2021, a
Parada Gay e a Marcha para Jesus.
Fonte:
Rodrigo Gomes, da RBA - NEWS RONDÔNIA
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