Do ponto de
vista da política educacional e do direito à educação, o que a militarização
das escolas representa?
Miguel Arroyo: Está se decretando a falência da escola pública e não só dela enquanto instituição, mas também dos educadores e dos gestores educacionais formados para atuar na área. Ao substituí-los por militares, damos um recado claro: vocês fracassaram. E isso é muito sério. A tentativa é de desconstruir toda a luta por uma educação pública de qualidade, tal como podemos ver com os ataques direcionado às universidades federais, às Ciências Humanas. Na visão dos conservadores, a escola pública foi longe demais e precisa ser combatida. E quando se destrói a ideia da escola pública, rui juntamente a ideia do Estado público, de direitos, de cidadanias.
Miguel Arroyo: É uma radicalidade terrível. Outra questão
que destaco ainda sobre o direito à educação é a tentativa de validar a chamada
educação familiar, no bojo da destruição do Estado. Veja, o que se diz é que
quem deve educar é a família ou que, caso ela não tenha condições, que seja o
Estado militar. Nesse contexto, a criança não é pensada como cidadã, como um
sujeito de direitos que tem, entre eles, a garantia a uma educação pública de qualidade
fornecida pelo Estado. E essa lógica será perpetrada pela escola militarizada,
porque lá as crianças não são cidadãs. O militar não é símbolo do Estado
cidadão, mas da soberania da pátria, da regra, da disciplina, do controle, da
ordem. Todo Estado militarizado é anti cidadania, ou seja, não se afirma
enquanto símbolo dos direitos cidadãos.
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