Por Val
Barreto*.
A professora Rita Vieira escreveu sobre as educadoras barbadianas em Porto Velho, que foram pioneiras da educação, Porto
Velho à época não tinha escolas e o grupo logo se preocupou com a educação das
crianças, alguns desses migrantes tinham formações superiores na área da
educação.
Rita Vieira é formada em História pela Universidade
Federal de Rondônia (Unir), professora de História na Escola João Bento da
Costa e Medquim Vestibulares, especialista em Segurança Pública e Direitos
Humanos, além de estudiosa e pesquisadora da História Regional.
CONFIRA:
No início do século XX, em pleno auge da construção
da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, foram contratados trabalhadores de
aproximadamente 52 nacionalidades, dentre eles estavam o grupo que vinha das
ilhas do Caribe, as Antilhas como Granada e Barbados, esse grupo, em maioria
era formado por trabalhadores especializados, com experiência em grandes obras,
pois tinham participado da construção do canal do Panamá, ao virem pra
Amazônia, traziam suas famílias, principalmente esposas e filhos.
A população barbadiana, como ficou conhecido o
grupo, teve seu próprio bairro, o morro do Alto do Bobe, derrubado na década de
60 pelo 5º BEC. Mas, por terem sofrido a colonização inglesa nas Antilhas,
trouxeram costumes culturais ingleses para nossa região, como o chá das 17:00,
a preocupação com a higiene, os trajes sempre em linho e a preocupação com a
educação dos pequenos.
Porto Velho à época não tinha escolas e o grupo
logo se preocupou com a educação das crianças, alguns desses migrantes tinham
formações superiores na área da educação, como era o caso de Mister Davis,
famoso professor de inglês, que também era telefonista da EFMM. Mas, o grande
destaque foi para as professoras barbadianas, como a famosa Aurélia Benkfield e
tantas outras mães e esposas barbadianas que fundaram a “Escola dos Categas”,
uma escola itinerante, que funcionava nos galpões da EFMM.
A Escola do “Categas” mesmo sem lugar fixo tinha
apoio da administração da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, que sedia alguns
espaços para a ocorrência das aulas e comprou material para o ensino das
crianças que reclamavam apenas da falta de livros, material didático, que
facilitasse a aprendizagem. A partir da chegada do material didático, as
crianças aprendiam a ler e escrever através das imagens representadas nas
cartilhas que faziam parte do seu dia a dia nos arredores da E.F.M.M.,
aproximando cada vez mais as crianças de seu possível futuro trabalho, a
ferrovia.
É importante salientar que esta Escola nunca teve
funcionamento oficial, nem papéis de regulamentação, surgiu apenas da
preocupação dos negros barbadianos com a alfabetização de seus filhos em um
lugar que não tinha escolas para tal. Preocupação esta que ia além das letras
como, por exemplo, a manutenção dos costumes através da conservação da língua
materna, as aulas eram ministradas em inglês, para que as crianças não
perdessem o vinculo com a terra de origem e acima de tudo o ensinamento de
valores.
Essa escola não oficial e as educadoras barbadianas
contribuíram para que em 1915, o poder público inaugurasse a primeira escola
oficial de Porto Velho, o Colégio Barão do Solimões. A educação permanece como
ponto primordial dentro dos costumes culturais das famílias barbadianas que
aqui permaneceram pós construção, como exemplo podemos citar a professora
Úrsula Maloney, que contribuiu para a instalação da secretaria do Estado de
Educação, durante o governo Jorge Teixeira. Outros exemplos são as irmãs Eunice
e Berenice Johnson, professoras da UNIR desde sua fundação, ainda como braço da
UFPA.
Nessa geração atual, podemos citar ainda a professora e pesquisadora de
educação barbadiana, a Dra. Cledenice Blackman, também de família barbadiana
tradicional no oeste amazônico.
Rita tem um artigo científico publicado em 2013 sobre o tema, aos interessados deixo o link: http://www.revistazonadeimpacto.unir.br/2013_volume%201_rita_mulher%20barbadiana.html
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*Val Barreto é jornalista, escritora, consultora
educacional e professora na Rede Municipal de Porto Velho, Graduada em Pedagogia
pela Faculdade Metropolitana, Especialista em Educação/Supervisão Escolar pela
Facibra. Contato: (69) 9 9310-6942 E-mail: professoresdepvh@gmail.com
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