Por
Val Barreto*
Embora
Paulo Freire seja reconhecido em diversos países por sua inegável contribuição
a educação brasileira e global, apoiadores do atual presidente da República
insistem em atacar seu legado na data em que é comemorado 100 anos de Paulo
Freire, mas o educador sobrevive a fake news e viés político ultradireitista no
Brasil.
Fica praticamente impossível defender o governo Bolsonaro, quando seu próprio filho, um dia antes do centenário do patrono da Educação, reclama da decisão judicial que proíbe o governo federal de criticar Paulo Freire.
A afirmação de Eduardo Bolsonaro sobre uma “Educação do país de péssima qualidade” se justifica pela própria ideia de Paulo Freire que diz que “Educar é um ato político” e em uma sociedade em que os políticos (incluindo a família Bolsonaro) se perpetuam no poder, anos após anos, graças a falta de conhecimento e consciência de classe, é fácil compreender sua indignação, afinal mesmo com todas as fake news, inclusive sobre Paulo Freire e afirmação de Eduardo considerando os que apoiam as ideias de Paulo Freire como “militância doentia” é a prova viva de que a educação não é tão péssima ao ponto de todos concordarem em descredibilizar um dos maiores nomes deste país e reconhecido no mundo todo.
Bolsonaro,
filhos e apoiadores, podem não reconhecer a relevância de Paulo Freire, mas o
mundo, SIM e Freire ou os “militantes doentes” sequer desejam que estes
homenageiem a data, pelo contrário querem que a decisão judicial que proíbe o
governo federal de criticar Paulo Freire, seja cumprida, até porque, quem é
Eduardo Bolsonaro e quem foi Paulo Freire? Quais contribuições do atual
deputado, do presidente e/ou dos demais bolsonaristas para a educação no
Brasil?
VAMOS
RELEMBRAR O QUE O PRÓPRIO PRESIDENTE E BOLSONARISTAS FAZEM PELA EDUCAÇÃO
BRASILEIRA E EM RONDÔNIA:
Há
quatro dias, o presidente Jair Bolsonaro atacou os profissionais de educação,
dizendo que o Brasil tem excesso de professores e que isso “atrapalha”. A declaração foi dada na
quinta-feira (16/09), em conversa com apoiadores no chamado “cercadinho” do
Palácio da Alvorada, em Brasília.
Tal
declaração é absurda, pois em todo país, inclusive em Rondônia faltam
professores e especialistas em educação (orientadores e supervisores), faltam também:
professores auxiliares, cuidadores e psicopedagogos nas escolas para atender
alunos com necessidades educacionais especiais.
A ministra de Bolsonaro, Damares Alves disse que professores de Porto Velho aplicaram provas com conteúdo pornográfico a crianças de 8 anos, de modo que, a própria SEMED de Porto Velho emitiu nota de repúdio após ministra acusar professores de pornografia em prova e material didático:
Damares fala sobre um suposto caso de Porto
Velho onde professores teriam adulterado uma tirinha retirada do gibi Turma da
Mônica, de Maurício de Sousa, e a utilizado como questão de prova.
Depois,
de acordo com a pastora evangélica, averiguou a situação e “descobriu” que, no
fim das contas, teria havido adulteração proposital do conteúdo do quadrinho a
fim de impor conotação sexual à questão. Ela não apresentou provas sobre as
alegações. Ela chega a dizer que conversou com os supostos professores e
ironizou a resposta dos docentes.
Eyder
Brasil (PSL) também bolsonarista, foi autor do Projeto de Lei n°947/21 que
estabelece aulas presenciais como atividade essencial no Estado de Rondônia, a
ideia é que impedir que as aulas presenciais sejam suspensas em casos de estado
de calamidade, como ocorreu com a Pandemia do coronavírus.
Se
a PL NÃO tivesse sido vetada, não importa a situação de calamidade que
ocorresse, as aulas não poderiam ser suspensas, colocando em risco tanto profissionais
da educação, quanto toda a comunidade escolar.
O
PL do bolsonarista Eyder Brasil desconsidera realidade das escolas, é alheio a falta
de estrutura, falta de pessoal de apoio, que não são suficientes para que a educação
seja atividade essencial, afinal as
escolas não podem ser comparadas com grandes varejistas e supermercados que
possuem condições para continuarem funcionando em situação de calamidade
pública.
Eyder
Brasil em votação na ALE, chamou professores de Rondônia de mal-educados e desvalorizou
sindicalistas que são professores/profissionais da educação, que manifestavam durante audiência.
O
também bolsonarista Marcos Rogério, Senador do (DEM-RO), é autor da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 13/2021 que desobriga União, estados, Distrito
Federal e municípios da aplicação de percentuais mínimos de suas receitas na
manutenção e no desenvolvimento do ensino.
Vários
ministros de Bolsonaro já atacaram a educação pública, mas só precisamos
relembrar a mais recente afirmação do ministro da Educação, dita mês passado,
quando Milton Ribeiro, disse que alunos com deficiência "atrapalham"
o ensino dos demais estudantes.
Os
motivos que faziam isso ocorrer, segundo o ministro, é que "a professora não tinha equipe, não tinha conhecimento para dar a
ela atenção especial” – Ora, conhecimento os professores e professoras, têm
sim, afinal, embora tenham direito a formação continuada pelas secretarias de
educação, muitos investem em especializações em educação especial e se
capacitam por conta própria para atender seus alunos, sem falar que tiram do
bolso e confeccionam material flexibilizado/adaptado, inclusive (tecnologia
assistiva) com sucatas e material reciclável para atender aos alunos especiais
com dificuldades de aprendizagem ou com distúrbios diversos.
Sobre
a falta de equipe, é realidade, infelizmente, e a falta de recursos é pior ainda, mas o que o ministro de Bolsonaro
tem feito sobre isso? Quais investimentos? Na verdade, o que vemos são cortes
atrás de cortes e congelamentos de recursos na educação, além dos severos
ataques a educação, aos profissionais que atuam na rede pública e até mesmo aos
alunos especiais com deficiência.
Não
podemos esquecer que, à base do canetaço, o governo Bolsonaro reduziu em 8,7% o
valor anual estimado por aluno da rede pública em 2020. Como o cálculo é
diretamente relacionado ao índice do Piso Nacional, a portaria efetivamente
zera o reajuste previsto para 2021.
Outro
grave impacto é a redução da complementação a Estados e Municípios, o que pode
levar ao colapso de redes de ensino no próximo ano. Com o valor anterior, o
reajuste calculado pelo Dieese a partir de janeiro deveria ser de 5,9%.
Junto
com outras medidas de arrocho fiscal, como a LC 173, que congela salários e carreiras
até 2022, a manobra autoritária projeta a desestruturação da educação pública. Trata-se
de uma tentativa de se vingar da derrota sofrida na aprovação do Fundeb
permanente, com mais recursos e novos parâmetros.
O
governo Bolsonaro também contingenciou mais de 90% do orçamento do MEC
destinado à educação básica em 2020 – excetuados os recursos do Fundeb – e
propôs a supressão de outros R$ 5 bilhões da pasta para 2021.
Por
fim, vetou dispositivos da Lei 14.040 que destinavam recursos do “orçamento de
guerra” da União para financiar a rede de educação durante e após a pandemia da
Covid-19.
Não
podemos esquecer das tentativas do governo Bolsonaro/Guedes em não aprovar o
novo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) foram
derrotadas, após muita pressão e mobilização da comunidade escolar.
O
governo do presidente Jair Bolsonaro chegou a anunciar que pretendia usar parte
dos recursos do novo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) e de precatórios para
bancar o novo programa social que substituirá o Bolsa Família.
O
professor que, neste país é bolsonarista não tem vergonha na cara, não se trata
nem de não ter consciência de classe e sim de NÃO ter consciência alguma, pois
não é possível que após serem acusados de adestrarem crianças, de usar kit gay
nas aulas, ou de aplicar prova com conteúdo pornográfico, é pavoroso
que um professor ou professora, ainda apoie um governo desses.
*Val Barreto é jornalista, sindicalista,
professora, secretária de comunicação da CTB e consultora educacional de cursos
IEMAR/ACELIBRAS.
Muito bom. Excelente texto. E o final fechou com chave de ouro.
ResponderExcluirMuito bom mesmo. Infelizmente muitos professores são bolsonaristas doentes.
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