Por Val Barreto*
Só quem é professor sabe a realidade do
que é trabalhar na prefeitura de Porto Velho, infelizmente as ações midiáticas
da Secretaria Municipal de Educação – SEMED mascaram as condições de trabalho
precárias em que trabalham muitos professores da rede pública.
Em um comentário destinado a secretária
de educação, Gláucia Negreiros, uma professora da E.M.E.I Castanheira (Extensão
Solar da Paz) expôs para a secretária da pasta, o sufoco que vem passando para
realizar seu planejamento na escola.
Em conversa com a redação do Portal
Professores de Rondônia, a professora informou que o seu Notebook pessoal está
sendo compartilhado com o marido e a filha e por isso, não pode levá-lo para planejar
na escola.
A escola conta com somente 1 computador
e são sete professores que compõem a equipe docente da extensão que oferta Creche
e Educação Infantil. O mais assustador, é que a instituição de ensino tem ponto
eletrônico e devido a isso, a professora cumpre seu horário e é obrigada a planejar
na sua casa, no horário de descanso, com seu computador pessoal e internet que
não é custeada pela secretaria de educação.
Além de expor a falta de condições de
trabalho, também relatou que “se reclamar, é perseguido”. Ou seja,
servidores que reclamam ou questionam a falta de recursos e condições de trabalho
dignas, sofrem represálias. Um exemplo é negar conceder hora extra a estes
professores, que devido ao baixo salário, precisam da hora extra para
sobreviver.
Houve situações em que o “computador dos
professores” fazerem o planejamento, foi colocado em um depósito escuro, sem
janelas, sem qualquer tipo de ventilação, seja ar-condicionado ou ventilador, depósito
esse que a finalidade é armazenar os produtos de limpeza da instituição de
ensino.
Ao procurar o SINTETO (Sindicato dos
Trabalhadores em Educação de Rondônia) a resposta foi que “a maioria das escolas
estão assim” – Ora, é de conhecimento do sindicato que não é somente esta
escola que está nessa situação, mas nada é feito e ainda tratam essa situação
com naturalidade e um conformismo indigno de quem deveria representar os trabalhadores.
A resposta da secretária de Educação evidencia a sua preocupação com os servidores? Ela tem zeladores para limpar a sala do seu gabinete, o que muitas escolas da zona rural, não tem ou tem somente uma pessoa, como é o caso da E.M.E.F RIO PARDO, no distrito Rio Pardo.
Será que os técnicos da SEMED, bem como,
os diretores do SINTERO, tem que dividir um único computador ou trabalhar em
sala sem ar-condicionado com ki-boa, sabão e desinfetante? Duvido muito.
Ambos têm uma estrutura muito boa, salas
climatizadas, cadeiras confortáveis, enquanto os financiadores disso tudo,
comem o pão que o Hildon Chaves amassou, sem água e sem manteiga.
Até quando ficaremos reféns desses
gestores que com o pouco poder e status de chefia, se sentem no direito de nos
humilhar, nos adoecer e nos perseguir? Até quando irão agir como donos das
escolas e nós seus meros funcionários?
A educação em Porto Velho não está
mudando, como a secretária comentou na rede social, ela está um verdadeiro caos,
e a prova disso é a falta de condições dignas para um professor planejar suas
aulas e ter um espaço decente para tal.
Infelizmente os governantes só cobram
para mostrar resultados que precisam ser os melhores possíveis, a SEMED ganha
prêmios, mas quem está por trás dos resultados do IDEB e SAERO, são os
professores, orientadores e supervisores, que estão sobrecarregados e adoecendo
com exigências e valorização zero.
As condições de trabalho chegam a ser
desumanas, o ponto eletrônico é o primeiro sinal da “trombeta apocalíptica”
contra os trabalhadores em educação e em algumas escolas, só foram instalados a
pedido do gestor.
Essa professora que teve a ousadia de
falar e expor as condições de trabalho que o município oferece para essa classe
trabalhadora pode ser chamada de heroína e só quem a conhece sabe de sua
criticidade e luta, imagine a desmotivação dela, ao ter um feedback vazio como
o que foi dado tanto pela secretária, quanto SINTERO.
Estamos sendo vencidos pelo cansaço todo
dia, pela falta de tempo, pela falta de representantes da nossa classe, pela inatividade
dos sindicatos. Até quando vamos aceitar essas condições?
*Val Barreto é professora e jornalista
no Portal Professores de Rondônia. – Contato: (69)99310-6942.
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