A
Academia Brasileira de Letras (ABL) divulgou nota de repúdio, nesta sexta-feira
(7), contra o memorando da Secretaria de Educação de Rondônia (Seduc) que
mandou recolher 43 obras literárias das escolas estaduais, incluindo clássicos
como "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis,
"Macunaíma", de Mário de Andrade, e "Os sertões", de
Euclides da Cunha.
Segundo
a Academia, a atitude da Seduc é uma censura que atinge a literatura e as artes
(leia abaixo a nota de repúdio).
"A
Academia Brasileira de Letras vem manifestar publicamente seu repúdio à censura
que atinge, uma vez mais, a literatura e as artes. Trata-se de gesto
deplorável, que desrespeita a Constituição de 1988, ignora a autonomia da obra
de arte e a liberdade de expressão. A ABL não admite o ódio à cultura, o
preconceito, o autoritarismo e a autossuficiência que embasam a censura", dia a nota.
"É um
despautério imaginar, em pleno século XXI, a retomada de um índice de livros
proibidos. Esse descenso cultural traduz não apenas um anacronismo primário,
mas um sintoma de não pequena gravidade, diante da qual não faltará a ação
consciente da cidadania e das autoridades constituídas."
Machado
de Assis, um dos escritores que entrou na lista de recolhimento do estado, foi
membro fundador da Academia Brasileira de Letras, em 1897, juntamente com Olavo
Bilac, Visconde de Taunay e Ruy Barbosa.
Reação da OAB e
União dos Estudantes
Outras
entidades também reagiram ao pedido do governo para recolher os livros das
escolas. Para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o documento viola os mais
caros princípios e garantias fundamentais da Constituição Federal.
Já
a União Nacional dos Estudantes (Une) afirmou nesta sexta-feira que a lista da
Seduc "foi uma tentativa de censura à cultura".
O
G1 procurou a assessoria do governador Marcos Rocha (PSL), mas não obteve
resposta até a publicação desta reportagem.
Pedido para
recolhimento dos livros
Na
tarde desta quinta-feira (6), um memorando assinado pelo secretário de
Educação, Suamy Vivecananda Lacerda de Abreu, vazou na internet. Nele, Suamy
afirmava ser necessário recolher os livros porque apresentavam "conteúdos inadequados às crianças e adolescentes".
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