Por Xavier Gomes*
A pandemia do coronavírus certamente deixará marcas indeléveis na
memória de todas as pessoas que habitam as terras de Rondon. Estas marcas
ficarão em todos os setores da sociedade, pois não há quem não tenha sofrido
com este grave problema sanitário. Claro que o maior problema está nos óbitos
que afetaram milhares de rondonienses e causaram danos que jamais serão
reparados. Além desse fator, os prejuízos na área de educação serão
inestimáveis, porque, muito antes da pandemia, este setor já sofria muito, em
virtude do suamysmo que se abateu sobre as escolas e todos os trabalhadores da
educação. Não resta nenhuma dúvida de que o improviso, o achismo, a falta de
planejamento e a desorganização garantirão ao atual secretário de educação um
lugar cativo entre os dois ou três secretários mais incapacitados para o cargo
que já tivemos, desde a emancipação do estado...
Antes de qualquer outro comentário, é necessário citar que Suamy Lacerda
está, há décadas, sem entrar em uma sala de aula e isso faz muita diferença.
Caso alguém pergunte qual foi a última vez que ele deu aula, duvido que ele
consiga lembrar, e esta dificuldade está muito evidente nas atitudes adotadas
pelo titular da SEDUC, deixando claro que ele desconhece completamente o
ambiente de sala de aula e a realidade das escolas. Nesse sentido, registro
minha total solidariedade ao nosso secretário, porque não existe a menor
condição de opinar sobre aluno e sala de aula, após tanto tempo. Aliás, Suamy
Lacerda teria que fazer um cursinho de História e Didática, se um dia
resolvesse voltar à sala de aula, porque o século é outro; os alunos são
outros; as famílias são outras e tudo é muito diferente. Atualmente os quadros
são brancos; muito diferentes daqueles verdes que usávamos, quando ele era
professor. Por causa dessa falta de preparo, não dá para entender como é que
pessoas com esse perfil viram secretários; mas isto é regra em Rondônia e as
pessoas que estão mais distantes da sala de aula acabaram virando secretários
em vários governos...
Agora, voltemos aos fatos e problemas sobre os quais precisamos refletir
seriamente! Poucos dias atrás, no inicio de julho, o secretário de educação
realizou uma reunião na qual discutiu com diversas pessoas sobre a
possibilidade da volta às aulas presenciais. Que se faça justiça: nenhuma data
ficou definida para a volta às atividades. Entretanto, não existe mesmo nenhum
clima para isso e apenas uma pessoa muito incoerente defende tese contrária. A
covid-19 avança em todos os municípios do estado; não existe nenhuma cidade de
Rondônia que não tenha vítimas e não temos nenhuma previsão sobre quando a
situação vai melhorar. Na realidade, a SEDUC não possui nenhum dado estatístico
sobre o problema e isto pode ser a razão para o secretário achar que é possível
voltar. Aliás, esse achômetro que determina as decisões da SEDUC é algo
profundamente lamentável. Na ocasião, o secretário informou que as escolas
seriam adaptadas para a nova situação, que os alunos receberiam 04 máscaras e
os diretores deveriam providenciar álcool em gel e outros produtos que Suamy
acha que resolvem o problema, como comprar garrafinhas para os alunos. Todas
essas propostas somente podem ter partido de alguém que está, há muitos anos,
fora de sala de aula. Uma pessoa que propõe esse tipo de coisa não faz a menor
ideia do que seja um aluno...
Em uma possível volta às aulas, os alunos passariam uns dois dias se
abraçando e quem trabalha na educação sabe disso. Alunos são pessoas normais,
alunos são pessoas inteligentes, alunos são feitos de carne e osso. Não é
possível alguém imaginar que os alunos vão ficar tantos meses sem se encontrar
e, após voltar às atividades, agir friamente, como se fossem secretários de
educação de Rondônia. Quem gosta de fingir que nada aconteceu é Suamy Lacerda.
Ele certamente não lembra mais que, ao lado do governador, gravou vídeos e
áudios, prometendo pagar os ajustes do Piso Salarial em 2019. Naquele tempo,
eles disseram que nunca mais os professores precisariam de sindicato; que nunca
mais seria necessário ter greves em Rondônia; que os professores seriam
respeitados e que a educação seria um paraíso. Isso tudo foi gravado em áudio e
vídeo e compartilhado em todas as redes sociais em Rondônia. É claro que não
foi cumprido!!!
Agora, na reunião do começo de julho, o secretário prometeu que “estuda”
uma forma de criar um auxílio para os professores, objetivando compensar os
gastos com equipamentos eletrônicos nas aulas remotas. Se algum professor
acreditar nessa promessa, certamente é uma pessoa muito tonta, porque até hoje
o governo não cumpriu nem as coisas que publicou no Diário Oficial. Por que
iria cumprir uma coisa que ele “estuda”? Aliás, falando em estudo, a SEDUC
deveria fazer um estudo para verificar quantas pessoas da educação fazem parte
do grupo de risco da Covid-19; quantas pessoas da educação faleceram este ano;
quantas pessoas não poderiam voltar às atividades presencias... Sem esses
dados, não se pode discutir volta às aulas. Ter informações oficiais sobre os
servidores da SEDUC é o mínimo que esse secretário deveria fazer. É bem verdade
que a Covid-19 incomoda, assusta e preocupa, mas o suamysmo e o achômetro
incomodam muito mais... Tenho dito!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES
*Professor da Rede Estadual e
Jornalista.
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